Pensei muito no que escrever
sobre o dia dos namorados que não fosse clichê. A primeira coisa que me veio à
cabeça é que tem gente odiando o amor.
Nascemos sem preconceitos, e a
sociedade vai nos moldando durante a nossa vida. Conforme crescemos, vamos nos
adaptando e criando opiniões e pré-conceitos sobre tudo. Muitas coisas podem
nos influenciar, como religião, família e amigos. E podemos também nos
desconstruir de opiniões e pré-conceitos que por algum motivo não estamos mais
de acordo.
Sempre que fico mexendo em redes
sociais, me deparo com diversos tipos de comentários contra quem é da
comunidade LGBT, e em muitos desses comentários é alegado que a religião tal
não aprova. Fico pensando se essas pessoas sabem que o mundo não gira ao redor
de religião tal, e que assim como há muitas outras, algumas pessoas preferem não
ter. E, ainda, me pergunto por que essas pessoas querem ser contra uma coisa tão
simples que envolve somente o amor que uma pessoa sente por outra. Me pergunto
por que se importam tanto com quem o outro dorme, beija e quer dividir a vida.
Fui criada indo à igreja
católica, mas não me agradava ter que ir à igreja todo final de semana, dar
dízimo, ficar presa a regras e rezas que não faziam sentido pra mim. Até hoje
não sou de religião nenhuma porque todas que conheci fizeram com que me
sentisse presa de alguma forma, e gosto de ter minha fé sozinha, na minha casa,
do meu jeito, e é o que tem me feito bem. Apesar disso, sempre respeitei a
religião alheia.
Eu sou hetero, e tenho muitos
amigos da comunidade LGBT. Foi com eles que aprendi que me desconstruir (ou
seja, rever opiniões formadas pela sociedade, que eu reproduzo e que são
potencialmente preconceituosas) é necessário e é meu dever diário. Aprendi (e ainda aprendo) muito sobre amor e respeito ao próximo, mais do que qualquer religião que
frequentei tenha me ensinado. E acho que o que tá faltando no mundo é as
pessoas botarem em prática o amor, a tolerância e o respeito que eles tanto
falam quando estão criticando os LGBT.
Convivendo com esses meus amigos
LGBT, vejo sempre o medo presente na vida deles, seja saindo de mãos dadas com
alguém do mesmo sexo na rua, seja se vestindo de maneira diferente do que a sociedade
aprova, seja cantando ou dançando uma música “de viado” com os amigos e vir
alguém mandar parar com ameaça de surra. É inacreditável que tenha gente que
pense que eles escolhem sofrer isso tudo, que escolhem virar algo que a
sociedade conservadora não aprova por “depravação” e “safadeza”. Se você estiver lendo esse
texto e for hetero, por favor, pare pra pensar: quando foi que você escolheu ter
atração por gente do sexo oposto? Ficou confuso? Não fez sentido? Você sempre
soube de forma natural, não é mesmo? É assim que a orientação sexual em geral
funciona, e isso inclui gays, lésbicas e bissexuais. Espero que tenha ficado
claro.
O ódio ao amor diferente do que a
sociedade tradicional aprova é o ódio a um sentimento humano, logo, essa é uma
prática desumana e você que faz isso devia ter vergonha de si mesmo. Se você
ainda assim não gosta dos LGBT e quer continuar na sua bolha de ignorância, só ignore
e deixe o outro ser feliz como quiser, pois você não tem nada a ver com isso.
Cuida da sua vida e entenda que o mundo não gira e nunca vai girar em volta da
sua opinião. Ninguém se importa. Ninguém quer saber do seu preconceito inútil,
principalmente os LGBT. Eles só se preocupam em serem felizes sem ter gente
amarga como você por perto pra ficar enchendo o saco. Aceite que a cada dia a tendência
é essa gente maravilhosa ganhar mais e mais espaço, e o tempo vai passar e você
vai ficar aí sozinho, porque ninguém vai querer estar com uma pessoa que não
sabe aceitar todas as formas de amor.
Cara, o MUNDO deveria ler esse seu texto. Sério mesmo. Tenho nem o que falar. Direito ao ponto e sensacional. Parabéns!
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